Literatura e Epilepsia

A epilepsia na ficção literária

A epilepsia na literatura não ficcional

A epilepsia como metáfora

A epilepsia nos dicionários
 

A epilepsia aparece com freqüência em textos literários.

Por vezes, a partir da experiência do autor, como no caso de Dostoievski, a doença está no centro de construções literárias – como no livro O idiota(1868-1869) -. Por vezes, pelo mesmo motivo, como no caso de Machado de Assis, ela não é sequer mencionada.

Os aspectos dramáticos das manifestações da epilepsia fazem da doença um elemento freqüente em textos ficcionais ou em outro tipo de narrativas, quer como fator estruturante da narrativa – como no caso do romance inglês Poor Miss Finch, de Wilkie Collins (1872) -, quer como metáfora – como no caso da recente letra da música de Rita Lee Amor e sexo – quer como índice de desqualificação de um personagem ficcional ou histórico – como no caso da brevíssima descrição do imperador austríaco Ferdinando V Habsburgo no romance recente de Arthur Philips, Praga (a edição em português é de 2004).

Por sua eloqüência em relação às hipóteses da pesquisa, reunimos aqui alguns exemplos de alusões à epilepsia em textos literários, ainda que a relação entre epilepsia e narrativa ficcional não seja um objetivo do trabalho da equipe.

O Dr P. Wolf, de Bielefeld-Bethel, neurologista, reuniu exemplos significativos sobre a relação entre epilepsia e narrativa ficcional, e o resultado de sua pesquisa fez que organizasse uma lista de mais de cem títulos que relacionam epilepsia e literatura e pode ser encontrada em inglês e em alemão no website do Museu Alemão da Epilepsia em Kork em www.epilepsiemuseum.de.

Nosso objetivo aqui é bem mais modesto: oferecer alguns exemplos, encontrados nos livros que os componentes da equipe leram por prazer durante o tempo da pesquisa, que mostrem como as alusões à epilepsia ou a escolha dessa doença na tessitura ficcional ou narrativa é constante, variada, independe da latitude em que as obras são produzidas e, com freqüência, é expressiva dos preconceitos que cercam os portadores de epilepsia.

Se, além de constituírem uma amostragem, as passagens selecionadas chegarem a sugerir roteiros para a aventura do ler, a equipe do Projeto de Pesquisa Ciência e Preconceito: uma história social da epilepsia no pensamento médico brasileiro. 1859-1906 considera que essa página cumpriu sua função.

Margarida de Souza Neves
Coordenadora da equipe de pesquisa
2004


 

©Portinari

Uma História Social da Epilepsia
no Pensamento Médico Brasileiro

História - PUC-Rio