Tadeo Bartolo –
San Gimignano in trono, storia della sua vita e i
suoi miracoli – c. 1401
Políptico – têmpera sobre madeira
Pinacoteca – Musei Civici di San Gimignano
San Giminiano,
burgo medieval e amuralhado da Toscana, é uma cidade
de muitas torres.
San Gimignano – torres
Foto Margarida de Souza
Neves – 2008
San Gimignano – muralha
Foto Margarida de Souza
Neves - 2008
Torre Grossa - SanGimignano
Foto Margarida de Souza
Neves – 2008
Sob uma delas, a
Torre Grossa ou Torre del Podestà, costruida em 1311
e com 54 metros de altura, está a pinacoteca, que
entre seus muitos tesouros abriga o políptico
pintado por Tadeo Bartolo que resume a vida e os
milagres de San Gimignano, bispo e padroeiro da
cidade.
TADDEO DI BARTOLO - San Gimignano in trono,
storia della vita e miracoli.
Políptico - Pinacoteca. Musei Civici di San
Gimignano
No centro do
retábulo está o bispo, que viveu entre 312 e 397,
com a cidade da qual é o patrono sobre seus joelhos,
numa rara e bela alusão à sua função de protetor da
cidade, facilmente reconhecível por suas torres,
cujo número, e mesmo alguns detalhes, o pintor teve
o cuidado de respeitar. À esquerda e à direita do
bispo, aparecem oito cenas que pretendem apontar
aspectos da vida e milagres do santo, que o retábulo
apresenta como um poderoso protetor, capaz de operar
curas milagrosas, livrar a cidade da peste e do
cerco de seus inimigos, acalmar as tempestades que
ameaçavam os barcos que se aventuravam mar adentro e
vencer o demônio e suas ciladas.
Em três das cenas
pintadas à esquerda do bispo aparece a representação
clássica da época para o demônio, sempre pintado
como um ser alado, ameaçador, negro e dotado de
cauda e chifres.
San Gimignano com a cidade sobre seus joelhos
San Gimignano e os demônios
Na última cena
pintada por Tadeo Bartolo a alusão à cura milagrosa
de uma mulher com epilepsia é evidente. No centro da
cena aparece a mulher em crise, vestida de negro tal
como requer a convenção do período para identificar
os possuídos pelo demônio – essa era a leitura das
crises, tanto nos relatos evangélicos quanto na
idade média – caída no chão e com os braços e as
pernas debatendo-se em descontrole, sustentada por
uma mulher que a abraça pela cintura, enquanto, à
sua esquerda, o bispo revestido de capa pluvial e
mitra ergue a mão direita em um gesto de benção que
faz com que o demônio saia da boca da mulher e seja
expulso, diante dos olhos atônitos dos testemunhos,
entre os quais se destaca, pela coroa, o trono e o
manto púrpura a figura de um nobre.
San Gimigniano e a cura da mulher com epilepsia
Como em tantas
outras representações da epilepsia, a que aparece no
retábulo de San Gimignano recolhe e sintetiza os
estigmas que cercavam a doença e os doentes com
epilepsia, associados à possessão demoníaca, vítimas
impotentes das crises a que estavam sujeitos e que
só poderiam ser controladas pelo poder taumatúrgico
de um santo.
Margarida de Souza Neves
20 de abril de 2010